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26/11/2019

Entrevista: Mostrar as novidades e acompanhar as tendĂȘncias do mercado.

Entrevista: Mostrar as novidades e acompanhar as tendĂȘncias do mercado.

Mostrar as novidades e acompanhar as tendências do mercado

ORLANDO LEONE
Presidente da Associação Nacional dos Fabricantes e Atacadistas de Motopeças

De acordo com Orlando Leone, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes e Atacadistas de Motopeças, o Salão Duas Rodas é um evento muito relevante para o segmento como um todo. É um momento oportuno para atender e prospectar novos clientes, apresentar as novidades e verificar de perto as tendências do mercado de duas rodas. Saiba mais na entrevista a seguir.

Como o senhor avalia o setor dentro dessa transformação no cenário da mobilidade urbana?
Orlando Leone: A questão da mobilidade urbana sempre está em pauta. É um dos maiores desafios das grandes cidades. O cenário está em constante transformação, a busca por alternativas para fugir dos grandes engarrafamentos nos centros urbanos, e driblar a carência deixada pelo transporte público deficiente é muito grande. Tanto que a motocicleta até pouquíssimo tempo atrás foi considerada uma solução para quem quer se locomover com agilidade e baixo custo. Com a modernidade e o uso de tecnologia aliada à mobilidade, surgiram os patinetes e as bicicletas, que têm seu uso compartilhado e podem ser deixados em pontos específicos pelos usuários. Apesar de toda essa facilidade e comodidade, acredito que a motocicleta ainda tem seu papel de destaque preservado.
É fácil perceber que as cidades estão saturadas e que a mobilidade urbana no Brasil requer muita atenção e fortes investimentos.
Tem espaço para muitos modais de transporte, mas também há a necessidade de que eles se integrem de forma harmoniosa, assim o espaço será melhor utilizado e aproveitado por todos.

“O que se vê atualmente no setor de motopeças é motivador.
Diversas marcas com boa qualidade estão produzindo peças como nunca feito antes."

Como o senhor avalia o mercado de motos e motopeças neste ano de 2019?
O setor vem numa crescente retomada desde 2018, quando foram produzidas 1.036.788 unidades de motocicletas, e, para 2019, a previsão é de 1.100.000 unidades. Com isso, o mercado de motopeças também tem expectativa de crescimento, pois é necessário fazer a manutenção da moto. Este ano tivemos muitas atividades que trarão benefícios a longo prazo. Um destaque foi o lançamento da Frente Parlamentar dos Veículos sobre Duas Rodas, que será fundamental para que assuntos relacionados ao segmento de motopeças e duas rodas sejam tratados dentro da casa legislativa, com uma visão mais dedicada.
O desafio do setor é manter a empregabilidade, vencer a alta carga tributária, ainda um pouco da instabilidade política que assombra o País e a retomada lenta do crescimento econômico e a espera das reformas.

Dentro desse contexto, qual é a importância do Salão Duas Rodas?
O salão é um evento muito importante para o segmento como um todo. É um momento em que podemos atender e prospectar novos clientes, mostrar as novidades e acompanhar as tendências do mercado de duas rodas. A linha 2020 das montadoras será lançada durante o Salão Duas Rodas, o que, para as empresas do setor de motopeças, é muito bom, pois assim conhecemos os produtos a serem desenvolvidos para o próximo ano, podendo antecipar o planejamento e nos preparar para fabricar ou desenvolver novos produtos.

A associação terá alguma novidade no salão?
A Anfamoto participa consecutivamente há pelo menos quatro edições do salão. Nosso objetivo é acompanhar nossos associados que estarão presentes no evento, como um ponto de apoio aos que não estão expondo e vão somente visitar e receber interessados em conhecer a associação. Faremos o lançamento do XI Salão Nacional e Internacional de Motopeças, que será realizado de 5 a 8 de agosto de 2020, ano em que a Anfamoto completa 40 anos de fundação.

O mercado de motos novas, depois de algum tempo em baixa, já dá sinais de recuperação.
Como isso afeta o setor de motopeças?
Realmente o mercado de motos novas entre 2012 e 2017 sofreu uma baixa significativa na produção. Quando esse mercado não está aquecido, o segmento de motopeças e acessórios também sofre, só que em menor escala, pois o motociclista tem que fazer a manutenção da moto para que o veículo tenha uma maior durabilidade, inclusive agregando valor na hora da revenda. Em 2018, ainda com a economia em marcha lenta e os entraves político-econômicos, a produção de motos novas voltou a crescer, gerando também uma maior demanda para o setor.

Quais os principais desafios do setor de motopeças no Brasil?
Os desafios são muitos, e acredito não serem do setor de motopeças, e sim de todas as indústrias, empresas e empresários do Brasil. A crise dos últimos anos no País assolou toda a cadeia produtiva, do fornecedor ao consumidor. A indefinição por um longo período do quadro político-econômico deixou muitos reflexos. As expectativas por rápidas soluções esperadas do atual governo eram muito altas, e essas soluções não aconteceram com a rapidez que precisávamos. A alta carga tributária, a variação cambial, as leis trabalhistas, a capacidade ociosa da indústria, o baixo nível de confiança dos investidores internos e externos afetam os investimentos, fazendo com que permaneçamos com o crescimento em marcha lenta. As reformas são extremamente necessárias para que possamos inclusive projetar os próximos anos com segurança. Tanto a reforma da previdência quanto a tributária auxiliarão muito no crescimento da indústria e do comércio, alavancando a produtividade e a empregabilidade.

“Ao conhecer os produtos lançados pelas montadoras, podemos nos preparar para 2020.”

Como o problema da pirataria está sendo enfrentado?
Sim. Temos muitas questões com produtos fruto de descaminho e com péssima qualidade, o que acontece porque há demanda por esse tipo de produto. Procuramos fazer constantemente campanhas alertando sobre os riscos de adquirir algum item de má procedência e qualidade. Esses produtos não têm a mesma qualidade de matéria-prima, processo de fabricação dentro dos mais rigorosos padrões de segurança e qualidade.
O consumidor tem que ser cada vez mais exigente e não comprar “preço”, e sim qualidade. Sempre fazemos uma pergunta crucial: quanto custa a sua vida? A compra de um produto pirata pode custar a vida do consumidor, apresentar um defeito e causar acidentes graves, levando o condutor da moto à morte. O capacete é um exemplo clássico, caso ele não tenha a fabricação feita de acordo com a norma brasileira e certificado pelo Inmetro.

Nos últimos anos, a certificação tem sido adotada também nas motopeças. Como o senhor avalia essa iniciativa?
A certificação é um excelente mecanismo para incentivar o consumidor a saber que determinado produto é fabricado dentro de padrões estabelecidos. Desde 2014, o mercado de motopeças vem passando por mudanças no que se refere à certificação. Aos poucos, o próprio mercado impõe a certificação de determinados produtos, tanto para quem fabrica quanto para quem importa, pois assim as regras são iguais para todos. A regulamentação é um benefício para o consumidor final. O kit de transmissão, composto por coroa, corrente e pinhão que tem a certificação, é um dos componentes mais vendidos no Brasil. Dessa forma, por se tratar de peças essenciais à segurança dos motociclistas, necessitam de atenção na qualidade e durabilidade para garantir que o produto esteja apto a ser consumido com toda a segurança.

As motopeças brasileiras também têm mercado no exterior? Quais?
Sim, têm. O Mercosul é o principal destino das exportações brasileiras. Embora o governo nos últimos tempos tenha adotado medidas de incentivo à exportação, criação de linhas de crédito ao pequeno exportador, a indústria brasileira compete em situação de desvantagem em relação a concorrentes internacionais. Outro ponto que destaco é a falta de conhecimento de instrumentos de apoio à exportação e de uma cultura exportadora.
Falta incentivo ainda para exportar.

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